Alimentação Enteral: O Que É, Para Que Serve e Quem Precisa Dela
Você já ouviu falar em alimentação enteral? Esse nome pode parecer complicado, mas a verdade é que esse tipo de alimentação salva vidas todos os dias. É um recurso usado por médicos e nutricionistas quando uma pessoa não consegue se alimentar da forma tradicional, ou seja, pela boca. Apesar de ser algo que acontece fora da rotina da maioria das pessoas, entender como funciona a dieta enteral é importante — afinal, ela pode ser necessária em várias fases da vida.
O Que É Alimentação Enteral?
A dieta enteral é uma forma de alimentação feita por meio de uma sonda, um tubinho fino e flexível que leva os nutrientes diretamente até o estômago ou intestino da pessoa. Essa sonda pode entrar pelo nariz (sonda nasogástrica) ou, em casos mais prolongados, ser colocada direto no estômago por um pequeno orifício na pele (gastrostomia).
Embora pareça algo apenas hospitalar, muitas pessoas fazem uso da dieta enteral em casa, com acompanhamento médico e nutricional. Isso garante que recebam os nutrientes essenciais para manter o corpo funcionando corretamente.
Por Que Algumas Pessoas Precisam da Alimentação Enteral?
A alimentação tradicional — aquela feita pela boca, com mastigação e digestão no estômago — pode não ser possível em algumas situações. Por exemplo:
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Após acidentes graves;
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Em pessoas que sofreram derrame (AVC);
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Pacientes com câncer na boca, esôfago ou garganta;
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Pessoas com doenças neurológicas, como Alzheimer ou Parkinson em estágio avançado;
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Crianças com paralisia cerebral ou problemas de deglutição;
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Indivíduos em coma ou internados por longo tempo em UTI.
Nesses casos, a pessoa pode estar consciente ou inconsciente, mas o importante é que ela não consegue se alimentar sozinha. Por isso, os médicos indicam a dieta enteral para garantir que o corpo continue recebendo energia, vitaminas, proteínas e tudo o que é necessário para viver e se recuperar.
O Que Tem Dentro da Sonda de Alimentação Enteral?
Dentro da sonda passa um líquido especial. Esse líquido não é qualquer coisa — ele é uma fórmula nutricional completa, feita com ingredientes cuidadosamente selecionados. Cada fórmula é adaptada às necessidades da pessoa, levando em conta a idade, o peso, a doença, o funcionamento dos órgãos e outros fatores.
As fórmulas geralmente contêm:
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Proteínas, que ajudam na recuperação muscular e na defesa do corpo;
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Carboidratos, que fornecem energia;
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Gorduras boas, que mantêm o funcionamento das células;
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Vitaminas e minerais, essenciais para o equilíbrio do organismo;
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Fibras, que ajudam no bom funcionamento do intestino.
Além disso, existem fórmulas especiais para casos específicos. Por exemplo, há opções com menos açúcar para diabéticos, fórmulas com mais calorias para pacientes desnutridos ou com menos proteína para quem tem problemas nos rins.
Como Funciona a Alimentação Enteral no Corpo?
Depois que a fórmula entra pela sonda, ela chega diretamente ao sistema digestivo. Mesmo que a pessoa não coma pela boca, o estômago e o intestino ainda funcionam normalmente. Ou seja, o corpo continua absorvendo os nutrientes da mesma forma que faria com alimentos comuns.
Isso é diferente da dieta parenteral, que é feita diretamente pela veia. A dieta enteral é mais natural, mais segura e mantém o funcionamento do sistema digestivo ativo.
Quem Decide se Alguém Precisa de Dieta Enteral?
A decisão de usar a dieta enteral é feita por uma equipe médica, geralmente composta por médicos, nutricionistas e enfermeiros. Eles avaliam:
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Se a pessoa consegue engolir com segurança;
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Se há risco de engasgo ou aspiração (quando a comida entra no pulmão);
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O estado de saúde geral do paciente;
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O funcionamento dos órgãos digestivos.
Com base nisso, os profissionais definem o tipo de sonda, a fórmula ideal, o volume e a frequência das refeições.
Quais Doenças Exigem Alimentação Enteral?
Muitas doenças e condições médicas podem levar à necessidade dessa alimentação. Veja alguns exemplos:
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AVC (Acidente Vascular Cerebral);
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Câncer de cabeça e pescoço;
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Doença de Alzheimer;
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Esclerose lateral amiotrófica (ELA);
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Paralisia cerebral;
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Traumatismo craniano;
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Cirurgias grandes no aparelho digestivo;
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Desnutrição grave;
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Síndrome tricohepatoentérica (uma condição genética rara que causa diarreia crônica grave, dificuldades no crescimento e problemas no fígado, tornando a alimentação normal difícil ou impossível).
Segundo um estudo da Universidade de São Paulo (USP), a dieta enteral melhora significativamente a recuperação de pacientes com doenças neurológicas e reduz o tempo de internação em até 30%, quando iniciada no momento certo.
A Dieta Enteral Tem Idade Mínima ou Máxima?
Não. A dieta enteral pode ser usada em qualquer idade — desde recém-nascidos até idosos com mais de 100 anos. O importante é que haja uma necessidade clínica real e que o sistema digestivo da pessoa esteja funcionando. Por isso, ela é amplamente usada tanto na pediatria quanto na geriatria.
É Possível Voltar a Comer Pela Boca?
Sim, em muitos casos! A dieta enteral pode ser temporária ou definitiva. Em pacientes em recuperação, como após uma cirurgia, a sonda é usada por um tempo e depois retirada. O retorno à alimentação normal depende da evolução do quadro de saúde e da reabilitação, especialmente com a ajuda de fonoaudiólogos e nutricionistas.
Conclusão
A dieta enteral é uma forma segura e eficiente de alimentar pessoas que não conseguem comer sozinhas. Mais do que um recurso médico, ela é uma ponte para a recuperação e para uma vida com mais dignidade. Ao entender como ela funciona, podemos apoiar melhor quem passa por esse tipo de cuidado — seja um familiar, um amigo ou até nós mesmos em algum momento da vida.